terça-feira, 4 de outubro de 2022

Atlas

queria o colo que não tive
e sei que não terei
por qualquer razão que seja
o acalento não virá
tenho que ser forte sem saber
mesmo sozinho ser completo
escolher bem quando partir
não conto com ninguém

cansado como Atlas
acima de mim, o firmamento
atentamente observado
receoso de ceder sob o mundo
sob o peso de mim mesmo
das memórias que carrego
das pessoas que trago junto
esse momento vai chegar

como um pombo na calçada
em meio ao fluxo cotidiano
sentar e aguardar o inevitável
cumprimentar a Deus
à Morte como velha amiga
fechar os olhos e esvaziar a mente
meditando o sono dos justos
e não mais

*em @poemas_nalinha, 5 de outubro de 2020

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