terça-feira, 3 de junho de 2014

Thaís

Num dia normal numa tarde normal, eu estava sentado normalmente no sofá de minha sala contemplando a vida passar pelo ar parado e monótono. Nem uma mosca zumbia de maneira diferente da esperada, quando de repente (e pra minha surpresa, devo dizer) a campainha tocou.
Eu moro sozinho e sou uma pessoa normal. Ok, não saio muito de casa e meus amigos não vêm pra jantar, mas sou uma pessoa normal.
Bem, devo ter deixado entender que não recebo muitas visitas, então o fato de a campainha ter tocado às 3 da tarde de um dia completamente normal me intrigou.
Atendi a porta. Foi engano. Um homem de uns trinta ou quase procurando uma tal Thaís...
Mas quem diabos é Thaís?
Será que ele conhece essa menina, ou só está procurando ela pra fazer alguma maldade?
E que espécie de maldade um cara assim pode ter com uma menina?
Meu Deus, devo ser o único que pensou isso. E portanto sou o único que pode ajudá-la... Mas como vou fazer isso discretamente?
Pensei nos arredores, sou vizinho de um centro de umbanda e de uma casa que nunca vi nenhum dos moradores, atrás de minha casa fica outra, que também nunca tive nenhum tipo de contato com os moradores e na frente tem um prédio...
Esse prédio deve ser o lugar, mas em que apartamento mora a Thaís?
Tocar o interfone dos apartamentos um a um até achar a dita cuja vai chamar atenção, e não sei se o homem foi de fato embora ou se está de olho na vizinhança.
Mas se ele vai matá-la, tem de achá-la primeiro. Acho que posso sair e tentar seguí-lo, aí ele mesmo vai me levar à ela e no momento certo vou poder desfazer seu plano maligno.
Saí de casa. Não de pijama, mas com uma camisa bem velha que eu já estava usando.
Procurei em volta e o homem não estava por perto. Me arrisquei a ir até a esquina, mas ele também não estava visível. Dei a volta e fui à esquina do outro lado, ele também não estava. Não havia mais pistas para chegar à Thaís, me vi perdido, encurralado em um beco sem saída.
Acabei voltando pra casa, talvez o homem volte procurando a menina por...
Espera...
E se eu sou a vítima e esse era só um plano para se certificar de que eu more mesmo na minha casa?
Voltei pra casa e tranquei todas as portas e janelas. não quero nunca mais por os pés pra fora.

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