quarta-feira, 4 de junho de 2014

O ruim de Romero Britto

Noutro dia numa aula da faculdade estávamos discutindo arte boa e ruim e em determinado momento um colega questionou à turma o que havia de tão ruim em Romero Britto. Ele (o colega) particularmente não gostava de Romero Britto, mas não entendia o repúdio que as pessoas demonstravam perante sua obra, e afirmava que para alguém tal obra seja boa, ainda que pobre.
Na minha condição de acadêmico das artes me vejo forçado a concordar com o colega. Ainda que pobre, a arte de Romero Britto com certeza é agradável aos olhos de algum espectador. Mas refletindo sobre a situação (e expondo minha reflexão sem nenhuma pesquisa prévia, apenas de cabeça mesmo) em um momento posterior me veio à mente que o ruim de Britto está no fato de que este é um artista brasileiro muito visto no exterior e que é relevante para a visão que os estrangeiros têm de nós.
Da mesma forma que ficamos enraivecidos quando um estrangeiro faz entender que no Brasil não há civilização (conceito que agora está ultrapassado - ainda bem) e que não há nada aqui além de futebol e carnaval, entendo que a desaprovação em Romero Britto se dê ao fato de que este artista reflete uma condição festiva, alegre e repetitiva que não condiz com a nossa realidade. Temos um artista "porta-voz" da nossa cultura que não passa de um desenhista meia-boca e de um só estilo.
Britto é uma decepção artística por seu estilo ser repetitivo até enjoar, por suas cores serem tão falsamente festivas que acabam virando um grande borrão de cinza aos olhos que já apreciaram sua obra uma ou duas vezes.
A primeira vez que vi um Romero Britto achei um desenho bonito, interessante e divertido. Isso foi há mais de dez anos e de lá até aqui não vi uma mudança sequer em sua obra. Britto é um artista que não avança, não retrocede e não muda em nenhum aspecto. Britto vende compulsivamente em todo tipo de produto que pode ser estampado uma imagem congelada há pelo menos uma década.
Essa é a razão do repúdio a Romero Britto. Temos um repúdio por uma obra parada no tempo e explorada à exaustão pela indústria para vender produtos repetitivamente coloridos e sem graça.
Sem falar na comparação esdrúxula com Picasso. Eu não aprecio a obra de Picasso além do valor argumentativo e acho tal comparação uma ofensa grave.

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