segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Oi, eu tenho uma história pra contar

Três semanas atrás, eu estava voltando do porto de Pelotas e no meu caminho cruzei com uma gatinha, ela imediatamente começou a me seguir e eu acabei trazendo ela pra casa. Meu objetivo trazendo ela pra casa era doá-la, nunca tive intenção de ficar com ela, como acabou acontecendo.
Com essa gata aprendi algumas coisas como por exemplo a importância de cuidar de bichinhos no tempo deles e não no seu próprio. Sobre mim aprendi que posso cuidar de uma vida, só o fato de eu me preocupar se aquela vida ficará bem sob minha guarda já me torna capaz disso.
Infelizmente essa gata apareceu num momento muito maldito da minha vida, cheio de provas da faculdade e crises de capacidade (mas eu sou capaz de ficar com a gata? - e a galera da pensão, não vai dar problema? - pô, eu não moro sozinho, a gata não pode ficar circulando por aí, como vou resolver isso? - e tal). A solução foi que a gata passou a gigantesca enorme parte do tempo presa no meu quarto, o que é deveras estressante pra um gato.
Hoje eu tentei dormir e fui acometido por uma insônia terrível, causada pelo que ando passando por esses dias (como bem dá pra ver pelo estado do blog). Não é de hoje que me pego dividido entre ficar com a gata e devolvê-la a rua, e há alguns dias já que decidi que tinha de pôr um fim nisso e levá-la embora. O momento foi esse, levantei às quase 6 da manhã pensando que se não levasse a gata agora não ia levar nunca e ia sempre ficar adiando esse momento.
Quero deixar claro que levar a gata pra rua não tem nada a ver com a minha condição emocional, foi uma decisão prática que tomei.
Vai haver quem diga que não devo ter me esforçado o suficiente pra doar a gata, pode ser verdade, mas como eu já disse, o momento que ela apareceu não foi favorável, eu não podia ficar correndo pra cima e pra baixo com a gata procurando contatos e tal (mas sejamos justos também, eu postei em todos os grupos grandes da cidade no Facebook e todos os grupos de adoção compartilharam fotos da gata e mensagens dizendo que eu não podia ficar com ela, eu não recebi nem uma ligação sequer).
Bom, então hoja, há aproximadamente quarenta minutos eu me levantei, peguei uma mochila grande e coloquei a gata dentro, saí pela porta me sentindo mal com isso, andei, andei, andei e em algum momento decidi que estava no ligar certo para deixá-la. Tirei-a da mochila, lhe pedi que tomasse cuidado com cachorros e veículos, coloquei-a no chão e fui embora.
Me senti um monstro, só parei de olhar pra trás quando realmente conclui que não ia vê-la de novo e mesmo assim não pude deixar de olhar em volta em todos os cruzamentos por que passei procurando-a. Sei que vou voltar da aula esses dias e sentir falta dela no meu quarto. Já sinto falta na verdade.
Essa gata me ensinou coisas que eu não sei pôr em palavras aqui e agora e desde que a recolhi da rua penso em escrever sobre, mas sempre adiei. Talvez escreva algo mais pra frente, num momento mais tranquilo que o atual.
Se me arrependo de alguma coisa? Me arrependo de ter trazido a gata em primeiro lugar, lhe ter fornecido abrigo e comida pra de uma hora pra outra devolvê-la pra rua.
Não me orgulho do que fiz, e só fiz porque acredito ser a coisa certa.
Espero que ela possa me perdoar algum dia.
Espero que ela fique bem.
E espero principalmente que alguma alma caridosa e competente a recolha.
Vou sentir saudades e vou sempre me perguntar como ela está.
Que o acaso a proteja.

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