terça-feira, 14 de junho de 2016

Uns dias atrás eu estava muito triste com alguma coisa e queria ouvir música pra tentar me acalmar. Fiquei rodando as minhas músicas por alguns minutos sem escolher nada, porque simplesmente não sentia que as músicas que eu tinha na biblioteca conseguiam dar conta do que eu estava sentindo.
Eu não queria escolher alguma outra música que tivesse. Não queria estragar o que sentia por aquelas músicas com um outro sentimento que não correspondia a elas. Ao mesmo tempo, meu coração e minha mente pulsavam como um pedal duplo, tão rápido que parecia um zumbido, seria difícil escutar uma música que não estivesse no tempo que minhas emoções impunham.
Decidi não escutar nada e tentar me acalmar focando no som que eu mesmo estava produzindo na minha cabeça. Um pedal duplo, contínuo, muito rápido.
Quando os nervos se acalmaram um pouco, percebi que nesse tempo de silêncio, quebrado por um som que só existia na minha cabeça, me senti mudo. Foi um breve momento no qual eu não conseguiria expressar nenhum som vocal, e talvez nem mesmo conseguisse produzir um som a partir de uma ação (um batuque na mesa, por exemplo).
Foi um momento em que o único som que eu estava capaz de ouvir seria algum som no tempo e no tom do som que já estava ecoando na minha mente. Como uma surdez seletiva. Não é que meu corpo não ouvisse os sons externos, meu corpo estava indiferente a eles.

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