segunda-feira, 28 de março de 2016

Oi (94)

É engraçado ver como a bad ataca do nada, às vezes... Eu vi um documentário que um amigo me enviou no chat do Facebook. Um documentário que era mais uma coletânea de imagens de um grupo de garotos andando de patins por aí. Andando, fazendo manobras e tal.
Vendo o documentário eu pensei: Eu poderia gravar vídeos assim, acompanhar esportistas como esses e fazer o audiovisual deles (eu AMO esportes de rua - skate, patins, parkour).
E aí, junto com esse pensamento, eu percebi o óbvio. Eu não sei fazer essas coisas.
Não as manobras. Não sei fazer um documentário. Como vou conhecer essas pessoas?  Que equipamento devo usar? Onde farei isso? Quanto isso me custaria? Como faria um edital de incentivo? Enfim. As perguntas básicas de alguém que quer fazer alguma coisa.
E com essas perguntas na cabeça me bateu um desânimo violento. Como que dizendo: Você não consegue. Desiste.

Tenho vinte e quatro anos. to começando o meu quinto ano na faculdade de Artes Visuais, depois de ter largado um curso técnico pra trás. E eu não sei onde vou com isso.
Sinto a cobrança de todos os lados (e não acho a cobrança injusta). Vejo que preciso de um trabalho. Mas fiz questão de ir pra uma faculdade, procurar uma especialização, pra chegar na reta final dela e sentir que a única coisa que sou perfeitamente capaz de trabalhar é no comércio.
Isso que eu escrevi na última frase não é verdade, mas é como eu me sinto.
Faz sete anos que saí da escola e não me sinto preparado pra entrar no mercado de trabalho em algo que gosto.
Pior, talvez eu nem saiba o que eu gosto.

Quando eu me sinto assim, a única coisa que me parece plausível é tirar uma temporada (uns três meses, pra não dizer um ano) e sumir no mundo, tentar achar o meu caminho, a minha razão.

A única coisa prática que posso dizer que quero hoje é minha viagem de volta ao mundo. Quero isso mais do que qualquer outra coisa, nesse momento. Quero pegar uma meia dúzia de coisas e desaparecer no mundo. Quero ser livre.
Essa liberdade que eu procuro se manifesta nos esportes que gosto. E por isso sou apaixonado por eles. Porque eles me proporcionam uma percepção do ambiente ao meu redor que me torna livre. E tudo que eu quero é ser livre.

Quando brigava comigo por eu não demonstrar nenhuma vontade para com a escola, minha mãe me perguntava o que eu esperava da vida. Eu nunca tive uma resposta pra isso, e não foi por falta de pensar no assunto. Hoje, até minha namorada me pergunta o que eu quero pro futuro e eu não sei. Eu simplesmente não sei.

Talvez eu não tenha percebido que eu já tinha o que queria. Meus pais puderam me criar tão livre quanto eu queria dentro das minhas necessidades, e o que eu quero é ser livre. Eu não era rico (nunca fui), mas sempre tive uma vida confortável.
Quando criança, essa liberdade cabia num espaço muito restrito, que era o que eu entendia por "mundo". Então eu nunca fiz questão de correr atrás de mais, porque eu tinha o que queria. Agora que sou adulto (e é muito estranho pensar isso, porque eu não me sinto assim), eu tenho uma perspectiva muito ampla do que é o mundo, e eu quero esse mundo pra mim. Então a ponte Marília SP - Pelotas RS não me representa mais. Eu não caibo nesse espaço.
Mas eu não sei lutar por mais. Eu não sei fazer acontecer a liberdade que eu quero. E por ter a experiência de pagar minhas próprias contas, sei que preciso escolher se vou alimentar a mente (ou os caprichos dela) ou o espírito, tendo que contar as sobras do salário no fim do mês pra isso.

Quando eu brinco que se tivesse um milhão de reais no banco, eu estaria feito pro resto da vida, é porque esse valor renderia, de juros numa pupança, uns cinco a seis mil todo mês. Dinheiro que seria suficiente pra alimentar os caprichos da minha mente E a necessidade do espírito de perceber o mundo ao redor. Sem luxos, claro, mas eu não ligo pra luxos.

Acho que era isso que eu queria dizer hoje. Parece vomitado e meio desconexo, mas deve ser assim mesmo. Talvez eu só tenha vomitado no teclado o que estava sentindo

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