quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Cada vez que você pensar em me xingar ou achar que eu estou sendo machista, lembre que isso é um desabafo e não representa o meu modo de pensar a sociedade e a cultura.

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Eu talvez tenha algum problema com a minha sexualidade. Ou talvez eu só não saiba resolver uma carência que me incomoda muito. Mas não é bem isso que eu vim escrever.

Eu preciso assumir aqui uma verdade incômoda pro meu emocional (exclusivamente pro meu emocional).

Eu não sei lidar com a liberdade sexual feminina (e talvez sob esse aspecto puramente emocional eu nem goste). O que é ótimo, porque não sou eu quem tem que tirar proveito disso. Mas sucede que essa referida liberdade me ofende.

Ela me ofende assim: Eu, como escrevi aí em cima, sou uma pessoa muito ligada à sexualidade e portanto gostaria de ter tido uma vida cheia de sexos e experiências sórdidas, coisa que quem me conhece sabe muito bem que eu não tive.

E eu não tive essas experiências porque as mulheres por quem me interessei não quiseram dividir essa experiência sexual comigo. Vale notar que quando eu digo "sexual" eu me refiro a beijos também.

E aí, eu NÃO SOU o tipo de homem que as mulheres (generalizando) quereriam por uma noite e tchau.

Eu já chamei isso de friendzone, numa época muito passageira (infelizmente) em que friendzone era simplesmente uma maneira de por em palavras o conjunto de sentimentos envolvidos num "somos só amigos", sem partir pra ofensas sexistas de nenhum tipo. Foi uma época em que friendzone era um termo inocente e nada mais.

Aí eu comecei a namorar e passei uma série de experiências muito boas, e isso ficou apagado na minha mente. Com o tempo veio a noção de que o termo friendzone tinha ganho um monte de significados sexistas e então eu não usei mais o termo. Bom, eu também estava namorando, então aquele sentimento de desamor ficou pra trás e eu pude dizer que fiquei numa boa.

Com o tempo e a distância vêm vontades e desejos e um dia concordamos que seria interessante abrir o relacionamento, porque poderíamos aprender com isso. E talvez essa tenha sido a maior merda emocional que eu fiz na minha vida, embora não possa negar que aprendi muito com isso. Tive que aprender.

Sem fazer juízo de valores. Ela aproveitou muito melhor que eu. Ela é mulher, o machismo definiu que homens TEM QUE ficar com mulheres que querem ficar com eles, e principalmente se elas forem bonitas segundo a norma do Sistema e da moda.

Já a liberdade sexual feminina atesta o óbvio: Elas não precisam ficar com ninguém se não quiserem.

Por eu estar escrevendo esse texto você não precisa ser a pessoa mais esperta do mundo pra deduzir o que aconteceu, e resumindo bem foi mais ou menos assim: Ela ficou com uma boa quantidade de pessoas enquanto eu fiquei com umas três ou quatro. E isso é ótimo (meu lado racional falando). Significa que ela pode experimentar a própria sexualidade e pode crescer um pouco mais a partir dessas experiências.

Mas voltando ao meu emocional, também significa que eu tive inveja, que eu tive ciúmes, que eu em determinado momento tive depressão e perdi um pouco do meu amor próprio, em suma, significa que eu sofri. Antes, solteiro, eu sofria porque queria viver algo com alguém, queria estar com alguém, mas não tinha com quem. E aí eu passei a sofrer porque tinha alguém comigo que eu não sabia ou não tinha certeza se de fato estava comigo. E eu tive medo de ficar sozinho de novo.

Peço perdão às minhas amigas que eventualmente lerem esse post. As mulheres têm tantos problemas com a sua sexualidade que eu sei que não vão me entender, ou se me entenderem, não terão dimensão do que é isso. As mulheres sofrem porque são objetificadas constantemente e eu queria tão forte ser objetificado em uma ou duas doses. Só pra saber como é e de repente me sentir desejado.

Não o desejado pra dormir juntinho e confiar. O desejado pra pegar, usar e jogar fora.

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Desculpa, Mundo. Eu precisava postar isso, precisava falar isso de algum modo.
E eu acho que nem falei direito. Esse é um assunto tão complexo, eu mal consigo elaborar ele na minha mente.
Só espero aliviar um pouco o peso na minha alma.

Um comentário:

Lídia disse...

Oi Chu,
Faz tempo e sei que a última vez que nos comunicamos não foi legal.
A Ari me mandou o link e mesmo sem saber o que te dizer, queria deixar um abraço. Se um dia vc quiser conversar, ao vivo ou inbox, estamos aqui.