domingo, 25 de janeiro de 2015

Vou escrever sobre uma coisa que vi e fiquei puto

Hoje eu parei pra jantar enquanto assistia ao Domingão do Faustão (nem vamos comentar o quão isso pode ser errado). Me sentei no sofá justamente no momento em que Fernanda Vasconcellos começava sua apresentação para o quadro Truque Vip.
Eu sei que o quadro pretende mostrar famosos apresentando truques de mágica numa competição para saber quem seria o melhor mágico/ilusionista dentre os escolhidos. Eu já sabia a pretensão do quadro, mas nunca o tinha visto.
Ok, me permiti assistir o truque da vez e o que vi me deixou enjoado. Mas não enjoado de excitação. Me senti enjoado com o péssimo gosto da apresentação.
Fernanda Vasconcellos apresentou uma mágica ou um truque que eu não sei como definir segundo os ilusionistas, pois é uma área que eu completamente ignoro. O truque dela apresentava uma bancada com quatro grampeadores de pressão daqueles industriais. Um destes foi carregado pela própria atriz e foi demonstrado que só aquele estava carregado. Então ela escolheu alguém na platéia para misturar os grampeadores, desta forma ninguém saberia dizer qual dos quatro era o carregado. Em seguida, Fernanda escolhia alguém da platéia para escolher um dos grampeadores que seria disparado contra ela própria (o primeiro na mão, o segundo no pescoço e o terceiro na cabeça).
Entenda que eu dificilmente me impressiono com mágica feita pela TV. Entendo o suficiente de edição e jogo de câmera para desacreditar do que a TV exibe.
Mas o que se seguiu não me pareceu de forma alguma um truque de mágica.
No meu entender enquanto espectador, mágica envolve domínio do público pela tranquilidade, envolve domínio de uma situação que parece extrema para quem assiste e eu não vi nada disso.
Não vi o público tenso diante de uma situação aparentemente perigosa enquanto a ilusionista demonstra uma calma infundada. O que vi foi um público tenso diante de uma situação de risco enquanto a ilusionista estava tão ou mais tensa que todo o público.
O que vi foi uma roleta russa de grampos.
Sendo quatro grampeadores, um deles carregado, isso faz 25% de chances de ser escolhido o grampeador que está carregado. Numa roleta russa o jogador tem uma chance de 1/6 de disparar a munição depositada no tambor do revólver. Um arremesso de dado.
Conforme os grampeadores eram escolhidos e se descobria que estavam descarregados, Fernanda ficava mais tensa pois tinha a perspectiva de que o próximo poderia lhe machucar.
A atriz não parecia dominada, pelo contrário, parecia desesperada. Claro que isso poderia ser uma excelente atuação de si própria, mas não parece um truque. Parece apenas uma brincadeira de mal gosto e eu fiquei dividido entre a ânsia pelo erro dela (sabendo que apesar da dor ela não teria nenhum problema grave) e o desejo de que alguém corresse ao palco gritando "Parem com essa porra, isso não faz sentido!" que é provavelmente o que eu faria.
Isso não foi um truque, isso foi uma brincadeira de péssimo gosto. Fernanda não demonstrou tranquilidade enquanto corria um risco à toa e a platéia se contorcia diante da possibilidade do erro. Fernanda apenas passou tensão e estresse gratuito, junto com a platéia que ela pretendia entreter.
É tão de mal gosto que se ela trocasse os grampeadores por pistolas eu acharia igualmente estúpido.
Quando um(a) ilusionista apresenta um truque de escapismo, ou corta um(a) assistente ao meio, ou se tranca numa caixa enquanto o(a) assistente transpassa a mesma com espadas, ele(a) demonstra frieza, destemor e tranquilidade.
Aí está o truque. Aí está a pergunta "nossa, como ele(a) faz isso?"
Eu só assisti uma aula de probabilidades estupidamente de mal gosto...

Nenhum comentário: