sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Quando eu fico estressado eu me isolo do mundo, porque o meu isolamento me distrai e me liberta. A parte ruim de poder me isolar do mundo é que eventualmente eu passo mais tempo me isolando e fugindo do que efetivamente resolvendo essas coisas pendentes.

Eu sei que não devo me isolar, e sei que preciso enfrentar os problemas e afazeres até pra poder amadurecer. Mas o peso é tão grande, é tão denso de atravessar. É difícil reunir a coragem necessária pra me levantar e lutar.

Às vezes só o que eu queria era não ter que me preocupar com nada disso e poder viver fazendo as coisas que me interessam, que me completam e que me constroem.

Amadurecimento não significa completude, infelizmente.

Quando somos crianças, queremos crescer porque cremos que os adultos são completos, donos do saber. Aí crescemos e descobrimos que estamos mais distantes de ser completos porque temos que lidar com essas responsabilidades tão mundanas e que só trazem amadurecimento e não completude.

Eu quero ser uma pessoa completa, quero ser livre. Tão livre quanto se possa ser.

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Uns sete anos atrás, quando eu tava pra me formar no ensino médio, eu me negava a me considerar menos sabido que os adultos à minha volta. E me negava a pensar assim porque isso não fazia sentido.
Como uma pessoa, vivendo o mesmo mundo que todas as outras, pode saber menos?
Então pra mim, o que acontecia era exatamente o contrário. Eu sabia, mas os adultos se negavam a acreditar que eu sabia, porque estavam ocupados demais cuidando da própria vida e preocupações diárias pra perceber que quem estava em harmonia com a natureza e o mundo eramos nós, adolescentes (e crianças).
O trabalho prático/profissional afastava os adultos da harmonia e da sensibilidade necessárias pra ver o mundo como ele é de verdade. Os adultos se comportavam de maneira robotizada, completamente encaixados num teatro da vida sem de fato ver a vida.
Quanto mais racionais formos mais estaremos afastados do Universo na sua grandeza e potencialidade. Como naquele filme (não lembro o nome) em que um inventor possibilita a comunicação entre nós e os bebês, porque ele crê que os bebês tenham em si todas as respostas do Universo, mas perdem o acesso a esse conhecimento com a idade de dois anos.
Eu sei, parece loucura, ainda mais por eu estar referenciando esse pensamento num filme da Sessão da Tarde, mas será que é tão impossível assim? Afinal, o que dá aos adultos essa credibilidade tão grande para que eles se entendam como os profundos conhecedores de tudo?
Conforme eu envelheço, eu percebo que sei cada vez menos sobre a vida e me sinto cada vez mais cansado diante de tudo. A minha vontade de viver parece cada vez menor e eu sinto até um desprezo pela Humanidade por ser assim tão incompleta.
E eu não quero ficar sonhando milagres pra resolver esses sentimentos, pois milagres não virão.
Eu quero uma solução, pra ontem, que resolva todos esses problemas. Se você tiver alguma, pode falar...

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