sexta-feira, 27 de setembro de 2024

eu fico sempre imaginando vir aqui escrever um tanto de coisa como se vocês fossem entender

porque vocês estiveram comigo no ensino médio, então vocês talvez tenham uma ideia da pessoa que eu sou

o que é uma mentira, né? porque há anos (muitos) não estamos nas rotinas uns dos outros

e aí existe esse espaço, onde a nossa escrita íntima ainda se encontra

só que mesmo aqui, eu me sinto uma alienígena... não sei, eu tenho dúvida se a gente realmente se entendeu. se eu realmente fiz parte

mas eu também não entendo o porquê da dúvida. não hoje

qual o ponto de se expor para um grupo de pessoas desconhecidas?
(já tô pensando em twitter, bluesky e similares - sou viciada)

que carência é essa, que a gente tem, de contato humano?

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

uma ideia, não um conceito
às vezes te amo
às vezes não
mas te amo muito
hoje
lembrando do que já vivemos
e desejando mais
tudo é mais singelo na realidade

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

FAÇAMOS 2024 O ÚLTIMO ANO: ABOLIREMOS AS HORAS

Nos tornemos livres da atarefação entediante do trabalho capitalista que a contagem das Horas permite existir.

Relógios são usados para nos aprisionar e manter escravos.

Clamamos pela completa abolição das Horas.

Clamamos por uma vida livre de sua rigidez inumana, seus policiais, culpabilizações e métodos de controle.

Não haverá mais tempo perdido, apenas a ganhar.

sábado, 23 de dezembro de 2023

Acordo para mais um dia útil qualquer que só se difere do fim de semana por eu ter de me manter sóbria entre nove da manhã e oito da noite. Abro o site X, que se chamava Twitter antes de ser comprado por um bilionário divorciado em crise, e rolo a timeline, "folheando" notícias do mundo todo, numa curadoria cuidadosa por mim e o tal algoritmo.

Passam pelos meus olhos notícias atrozes que denunciam crueldades em tempo real: uma vítima de abuso humilhada pelo advogado do abusador, mais uma criança morta numa ação desastrosa e truculenta da PM, bombardeios destroem bairros inteiros, somando números de vidas humanas ceifadas e desamparadas... Horror, né?

Fecho o site e encosto o celular longe de mim, porque isso não é o que eu quero lembrar. Vou viver o que há pra ser vivido no mundo real: uma rotina atordoante de trabalho e estudo, que não pode parar, pois é a esperança de trabalhos menos mal remunerador, algum futuro em que possa confraternizar com meus amigos sem medo de comprometer a quantia reservada aos boletos, como anos atrás, quando a gente ainda não entendia quase nada da vida. Éramos mais inocentes e acho que por isso as memórias tem um gosto especial...


--- --- ---
minha redação nota 6 no vestibular da UFSC :P

domingo, 3 de dezembro de 2023

Oi (157)

("hoje eu sou ladrão...")

olá!
nem sei mais
nunca soube, na real
não faz parte de mim saber

é só que tenho sentido
sentidos e sentidos
pero me quedo muda

ainda sinto que às vezes nos recusamos a conversar

tipo agora né?
...

eu não quero ficar ansiosa por coisas que são projeções de um vislumbre de futuro
tudo é intenso demais
me tensiona

mas num geral bem
viva e vivendo

domingo, 19 de novembro de 2023

Oi (156)

no final da prova do primeiro dia de enem deste ano (05/11):

"mais um ano, mais uma vez
logo eu, que pensei que não haveria outra vez
prova, avaliação, vestibular
e tantas outras pra domesticar
vestir selvageria com civilidade
um duelo acordado entre cavaleiros
pra parecer menos cruel quando lhe matar
mais razoável sobrepor o meu direito ao seu
de acesso ao conhecimento, poder sociocultural

abre as portas da academia
a quem se voluntaria o trabalho intelectual
premia o privilégio do tempo dito ocioso
que viabiliza a reflexão além da sobrevivência
a busca por motivações outras que a miséria e a fome
o desejo de progresso, interno e externo
quase sempre individual, se olhar com atenção

no fim
também é outra forma de se garantir
encontrar seu lugar no maquinário humano
tornar-se peça essencial
pra não ser esquecida, abandonada
insuficiente sim, mas parte do todo"

terça-feira, 22 de agosto de 2023

é o começo de mais uma estrofe

oceano profundo

escuridão que rouba o fôlego
arde os pulmões
esmaga o peito

inevitável
concreta

.

some fucked up shit
came haunting me
in my sleep
[again]
"this is an anthem
so fucking sing"

like a damn ghost
stuck in time

"it never ends"
uma sombra no escuro
fantasma no canto
"another roof is crashing down"
vamos jogar roleta russa
o viciado, corrompido
faz-se presente
"every second every minute every hour every day"

.

reprocesso

fenômeno natural consciente que viabiliza a metamorfose
morrer e transformar

sem pensar muito

o tempo que lhe passa

a sabedoria que tem para

poder reconhecer

sentir,

só assim

amor

aprisiona

submersa em torpor

imagina sufocar

pensa em afogar-se.
haverão dias ruins como ontem
a gente desorganizada
e azares perpassando

"vc está nesse lugar, então pode confiar"

assunto interrompido que passou o tempo

.

primeiro te encontro
depois a gente vê?

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

os mortos não sorriem

dominadora e submissa
igualmente entregue a ti
rouba meu coração do peito
alimenta do meu sentir
assume que é seu

percebi logo antes
do silêncio abater
e me enchi de tristeza
assustada de ser
profundamente incoerente

interrompido

como gato arisco
na rua escura
um morto-vivo
escreve estas palavras
pra vomitar
pra nunca olhar pra trás
e a lembrança não apagar
da dor que lhe passou
nenhuma lágrima rolou
casca grossa, invulnerável
das mentiras que a si contou
visões terríveis de um futuro
vidas que ainda não viveu
feridas que ainda não curou
cicatrizes de tudo que eu passei
.

rever

escrevo
pra por pra fora
pra formar um portal com o passado
sob os olhos do futuro
no presente que se materializa
nas palavras que
escrevo

com calma
vai florescer
sem pressa

aos vivos não há para sempre
seja eterno enquanto dure

segunda-feira, 31 de julho de 2023

culto ao fim

um lugar tranquilo
o toque frio do ferro na têmpora

me segura amor

me abraça forte
não me solta
deixa eu explodir

entre sonhos e pesadelos
passageiros
revigorantes e desanimadores

amor como afronta aos senhores
pra distrairmos do moedor de carne

qualquer coisa
simplesmente qualquer coisa

nós damos significado
fazemos nosso destino

entulhadas
externa e internamente

prontas a florescer
resistentes a desabrochar

receosas do que seremos
do que nos revela

fecha os olhos
roga por pragas
limpa a Terra
traz o fim

segunda-feira, 24 de julho de 2023

camadas de medo
corpo que desconforta
surpresa desagradável
palco em silêncio
expectativas de um grande show
nossas diferenças
desencontros
e encontros
afirmativos, às vezes contrários
epifânicos
palavras
toques
compartilhar colaborativo

terça-feira, 11 de julho de 2023

como pluma

rumo ao chão

cai

flutua

pousa levemente

mergulha

na imensidão

de nós

nesta cama

onde viajamos mundos

materializamos sonhos

desejando o infinito

nos seus olhos

meu paraíso

coexistir ante a possibilidade de nos matarmos
dialogar colaborativamente
às vezes combativas

Fúria e Colapso
rumo ao inferno

de si mesmas
materializadas

escapistas da realidade que oprime

como qualquer bicho faria
busca paz
agride quando não encontra

parada brusca que
nos rompe o diálogo

onde estamos, pra onde vamos

na madrugada
entre demônios
assombrações
e uns poucos anjos

permita-me confundir-lhe

fazer tudo ao avesso
transbordar de sentimento
expandir
a consciência
ante o não-saber
assumir-me ignorante
e ter receio
de ser desastre
tragédia
pois estes são os agouros que guiam
Colapso e Fúria

nós
em todo lugar e ao mesmo tempo

entre fantasmas
do passado
ah, o passado...
que passa

que só se compreenderá no futuro

que ainda não existe

aqui e agora

onde encontro paz

nós
e vc

toda pessoa deve conhecer sua parte meio bicho antes de selar o destino de tudo que vive.

vc me desmente
meias verdades horríveis
que repetimos pra nós mesmas
baseadas em fortalezas que
erguemos convencidas
de falhas que foram
supostamente percebidas
por quem eu queria
que nos desmentisse
brame
exclama

declara
declama

confusa
sem fôlego

expressa aos 4 ventos
explode de sentir

sábado, 1 de julho de 2023

confusa com tanto som
com tantas luzes e tanta gente
em pânico
anestesiada

quarta-feira, 14 de junho de 2023

anticivilizatório [título posterior]

gato frajola
vaga na madrugada
entre seus semelhantes de todas as cores
pardos aos olhos dos homens
incompetentes em discernir o que não compreendem
ou que não dominam

todas as cores cantam juntas
mais ou menos harmônicas, quem se importa?
cantam juntas, ainda assim
seguem ritmos ecléticos
misturam-se
massa anônima, biopolítica
gasolina e fósforo

sambistas, funkeires, punks
a gente do jazz, do blues, do rock [raíz]
contra-cultura marginal
pronta pra tomar o centro de assalto
sacudir as instituições
exterminar os vermes
assumir o protagonismo

quinta-feira, 8 de junho de 2023

orgástica

seus olhos
com seu sorriso
em seus lábios
emoldurados nas ondas acobreadas do seu cabelo

me olha nos olhos com expectativa
pede um beijo sem dizer nada

nossos lábios se tocam
guiam a intensidade das trocas
de carinho e emoção
que nos inflama o peito

explode em paixão e luxúria
juntas numa só peça
montagem, colagem, máquina

dois corpos unidos
as almas em contato

segunda-feira, 17 de abril de 2023

em busca de novos significados. outros fins

a segunda só começou
e eu já quero morrer

banho pra lavar o espírito

água que corre artificial
flui do chuveiro ao ralo
se vem e se vai

de passagem

acostumado a ser deixado de lado
focar em mim mesma

mentalizar-me completa

romance é uma mentira confortável

e nada é para sempre

tu nunca está só, pois estamos juntas

"a terra ainda vai se tornar um planeta inabitável"

ponto
o começo de mais uma estrofe

semente

dada a oportunidade de falar
esconde-se no silêncio
gatilho involuntário

catastrófica passional

o apocalipse, o abismo, o tempo
o vazio (da existência)
de mim mesma
sobre o pensar e agir

transição

ponto.

uma noite em plena euforia
hoje nada pode dar errado

que dia incrível :)

sexta-feira, 14 de abril de 2023

indesejável

entre se completar em outra presença
e morrer.

desejos sedentos

volátil

inflamável

explosiva

solúvel
em carinho, amor
acolhimento

vítima incel
do patriarcado
subproduto do macho alpha
feio

incomodado

ação política
impulso violento

do desprezo ao inimigo
verme a ser exterminado

praga a extirpar

demônio a exorcisar

quarta-feira, 5 de abril de 2023

insolúvel

eu acreditei que era especial
não era

saída de emergência
pra ficar em paz
o que é sentido
se é que faz sentido
mas ainda não

vazio

contempla

respira

frio, devia ter trazido uma blusa :(
dissocia

pra seguir em frente
toma água e se cuida

inspira

expira

inspira

outros cenários, outras pessoas

pensamentos vem e vão

vazio relacional
carinho sem destino
amor platônico
perfeito irrealizável

o amor verdadeiro é humilhante
degradante

presente de luz
futuro de trevas

inferno da escassez relacional
solidão e solitude dançam ao tempo que passa
nunca se soltam

fracasso relacional
romântico
inamável
faz sentido?

afastamento e aproximação

num ciclo

aproximação e afastamento

fluir do tempo

torturo-me sozinha
percebendo a morte chegar
plenamente ciente de não
poder contar com ninguém

não poderia mesmo contar (a gente morre sozinhes)

mas gostaria de fingir o contrário
só por um tempo sabe?
que nem todo mundo

segunda-feira, 3 de abril de 2023

um dia de azar

"uma vez a gente viu um vídeo feito por policiais que encontravam um feminicida deitado com o corpo da vítima o abraçando.
o corpo já estava um pouco rígido e o assassino (presumo) bastante sedado por alguma droga, então os policiais tiveram algum trabalho pra lidar e filmaram por alguns segundos
eu acessei isso por caminhos obscuros ao alcance de qualquer pessoa
a pornografia está na maioria desses lugares
estou te dizendo porque acho que significa coisas indizíveis
pq tudo faz sentido demais"
triste e puto
se ao menos eu pudesse
lembrar
refazer
será eu saberia a resposta?
eu tenho vários nomes
depende quem chama
confusa né?
fora do lugar
meio desnorteada
querendo só sair
cansada de tudo
pega o balde
enche de água
não tem problema transbordar depois
submerge o rosto
concentra
deixa o escuro encobrir
adormece sem ar
e reza que não acorde mais
deixa ir
fantasia de vida e morte
onde paga seus pecados
pra depois encontrar Deus

triste e magnífico

sintonia percussiva

escapista

Cauê
Colapso e Fúria
Vicente Pinheiro

respostas que não perguntei

pensamentos

ñ pode parar pra pensar
mas segue pensando demais
uma torrente de sensações indistintamente confusas

atravessamentos
que se somam
se confundem
nos cegam das perspectivas
nos alimentam ilusões
temores delirantes
soluções fantásticas
irrealizáveis

num ciclo
de auto decepção e autoindulgência
presente ansioso
insatisfeito
dádiva e maldição
"como o Sol que aquece, mas também apodrece o esgoto"

Oi (155)

retorno enfim

Ponto, Bullet Bane (2020)

"tentando me equilibrar pra não cair"
sem muito o que dizer, mas sempre querendo explodir de sentir

o nome do blog nunca fez tanto sentido
e é simplesmente louco

louco.
completamente coringada kkkk

estamos
eu que digito
ela que me dita
vc que nos lê
e o mundo que nos cerca

se nada faz sentido

só o fim é certo

e tudo indica que está logo ali

"estou pronto. esteja pronto"

não tenho certeza que é hora de partir
mas também não vejo porque seguir

é tudo tão maior

mais

complexo

cinzento, nebuloso

.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

inoperante

confusa, drogada
em pânico
só atrás de uma razão

pra odiar vc
pra odiar a mim
pra me convencer que nada vale a pena

eu não quero acreditar
mas pra onde olho
me convences

o caos é fato
o valor está em nós

mas

enquanto espécie
erguemos impérios
construímos civilizações
e complexificamos com milhões de conceitos abstratos
um processo que deveria ser muito simples
início, meio e fim
nascer e morrer

a vida que inventamos
nos rouba a vida que já existia

subvertemos a ordem natural [caos]
concretamos o solo
expandimos nossos domínios

em nome do progresso
dizimamos sistematicamente uns aos outros
estabelecemos desigualdades
e operamos em manutenção delas

onde eu encontro conforto
companhia

palavra que tinha dificuldade de falar
quando criança
sentimento que desacostumei
quando adulto

a humanidade acaba num expurgo [lento]

epidemia de violência
chacinas suicidas

o silêncio como resposta
onde eu escuto dúvida

lembrar de ser vulnerável

uma árvore em chamas

deflagrar

vc é uma força da natureza
um evento cósmico
tão insignificante quanto único

fantasma

denso, esquecível
presença ignorável

blasé. apático humorado

dissolução do eu

"- como vc chama?
[Colapso] - Cauê rs"

eu sem sentido
apenas presente
sentindo em relação

território em disputa/sentido

interesses (particulares)
articulação autônoma
sobrevida conceitual

ruptura

estratégias pra novas sociedades
- afrouxar e apertar

que sufoca enquanto acarinha
é sobre morrer no capitalismo à brasileira

paternalismo

que famílias prosperaram?
a crise é pra quem?

por uma sociedade matriarcal
repensar a divisão espacial
descolonização do debate público

projeto revolucionário
agitação coletiva
fortalecer vínculos
abrir perspectivas
desbravar questões

- dano colateral?

forma e conteúdo
quem somos no processo histórico?

espaço de militância
sempre tem a criança de alguém
sintomático, não?

relações e coletividade

ferramentas de mobilização
tempo presente
organização [e disposição]
explicar minhas certezas
abert a refundá-las

.

gasolina no meu peito

incendeia

se eu pudesse parar o tempo

"ainda se a mágoa
pudesse escalar me [ao céu]
ou lágrimas me guiassem"

conclusão

eu não queria sumir
mas muito provavelmente suma

eu posso estar viva e ser tipo um fantasma, né?

eu to por aí
fazendo minhas coisas
vez ou outra
muito empolgada
eu conto um fragmento de uma história
e saio repentina como cheguei

às vezes eu queria ser fantasma

vampira

viver nas sombras
passar despercebido

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

descompensado, foda-se

fazendo planos pra ir embora
não peço ajuda
não importa
tudo é só poeira estelar

que vida bosta inventamos

não adianta ficar brave
mas eu fico

não pode descontar a raiva com violência
mas ela escapa

quando percebo, eu já gritei
já xinguei
e confesso
ainda acho que xinguei pouco

eu fiquei muito ofendide
e nem sei ao certo por quê

não atravessa meu caminho dessa forma

a minha resposta sempre vai ser hostil

pq eu me sinto invadida
violada, exposta

digna de pena, abominável

repugnante

não atravessa meu caminho dessa forma

eu viro bicho

"cada vez menos humano
cada vez mais essa coisa
(acorda - trabalha - repete - mantém)"

.

duas coisas resolvem minha vida

dinheiro
e morrer

soluções mágicas
cada uma a seu modo

preferia a primeira
mas chegará a hora de optar pela segunda

vivo sabendo dessa bomba relógio
que é a conta no banco sempre menor
no rumo de ficar cada vez mais indigno
pq condicionamos nossa existência
ao trabalho e à civilização

essa conta não fecha

pra não ser só mais um robozinho do sistema
eu oro todos os dias
que deus nos perdoe e
acabe com tudo

e se acabar com tudo significa a minha morte...

bom, que se foda
boa sorte pra quem fica

.

talvez eu esteja pronte pra partir
numa viagem só de ida
em frente...

território em disputa

cansaço niilista
otimismo anestesiado
lágrimas que caem
histórias não contadas
de uma sociedade dividida
pra dar errado

resistir é ato revolucionário
continuaremos resistindo

uneasy [inquiete/apreensive]

não sabe dizer os sonhos bons e os ruins

a morte existe de fato

tudo o mais são prisões mentais (pra bem ou mal)

a morte é concreta

factual

e me liberta

deste tempo em que fui aprisionade

.

já me vi descrita com outras palavras

o silêncio cumpre uma função

mas também nunca é exatamente silêncio

nuance

estar em comunidade
e o medo constante de ser público
de só ser

esquisite

consciente de si próprie

sempre bravia

amarga e um tanto cínica
apática por sua irrelevância

descrente da magnitude das estruturas que sustentam

impotente
incoerente
segura o ar
até sufocar

.

no silêncio as coisas fazem sentido
de jeitos terríveis
nós fazemos sentido

um corpo que testemunha seu tempo

vivo
presente terrível

a fúria como desejo
e a consciência do colapso iminente

mentalidade colonizadora
limitante, violenta, infantil
"eu e os cara
vai vendo, o tempo não para"

de repente eu me vi diferente
me fiz outra coisa

espontaneamente violento
severo
consigo mais que tudo
cínico e entediado
debaixo da casca
reflexivo
pretensamente justo
consciente de suas falhas
vigilante de seus erros
até cansado

de tanto trabalho intenso

aprende sobre si e transforma-se
constantemente
entre altos e baixos

mas incapaz de dar valor

"ele fica perdido no dia-a-dia
o dia-a-dia tá perdido no tempo
e o tempo já se perdeu no incompreensível"

.

se só é possível existir
desexistir é só uma interrupção
do fluxo
da monotonia geral

"morrer é um fator"

"não posso mais temer a morte
já morri centenas de vezes"

fiel à desesperança que sinto
elaborando planos
sobre o que eu nem sei

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

tocha

não há futuro
ideal

medos e desejos

quanto vc mudou em um ano
é impossível de acompanhar

quebrei

me refiz

"eu to de mal com o mundo"

"em um segundo tudo vai mudar"

triste

insolúvel

paciência

"tudo pareceu
mais calmo
mesmo com tanta discussão
tanta opinião
e tanta tralha"

de repente a insegurança
me invade

de ser falho, não atingir as expectativas
que penso que tenhas sobre mim
quem sou eu no seu oceano?
nós passarinho, eles passarão
momento de pausa
meditação
silêncio
"pra voltar melhor"

bélico
sem ferir quem ama [you wish]
vivendo pelo sim
descrente de reais mudanças
disciplina na brevitude do silêncio
ouvir-se noutro tempo
controlar seu fogo

incognito

nós, Colapso e Fúria
eu e eu

vínculo
a ser encerrado
em caixa
em forma
estipulada
imposta
limitante

caindo de sono
fica de pé
segue em frente
tem que dar

mesmo que nunca dê

"é preciso coragem pra admitir"
a gente se motiva
encontra felicidade
se entorpece
e se convence que sim
vale a pena

vale a pena

insucesso
caminhada
sempre em frente

.

a contragosto segue em frente

- as coisas não precisam grandes respostas
- mas ao mesmo tempo elas são grandes respostas

a psicopata age e nem percebe
a esquizofrênica por outro lado
desenrola cenários diante de seus olhos
numa torrente

que prazer seria me ter uma arma na cara dum bilionário

"vamo vê se é tudo isso quando vê as quadrada"

dissociação

keep it cool

ri de si mesm

e tá tudo bem

não há tempo

sintonia e sincronicidade

"verso que sai da boca
é capaz de matar
vira bala perdida
o teu peito encontra"

mergulhos profundos

da ostentação
aos detalhes

mergulhos profundos

constituintes
de jornadas
e fins

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

ai que preguiça dessa humanidade quase me autorizando um atentado

canalização última
de um desprezo imenso
pela grandiosidade da civilização
viver em sociedade me irrita
e cada vez mais eu vejo
a morte como paz alcançada
so fucking tired of all bullshit

.

é literalmente
dualcore

resto de tinta preta
sistemática

como um labirinto
hábitat de uma terrível criatura

****************

escondido no oculto
em cada sombra

quem perde
o que perde

se eu pudesse arrancava minha cabeça
[e uma sequência de ofensas sobre mim mesm]

fumar pra sufocar

segurar o fôlego até desmaiar
de tão convencid
que é melhor estar mort

aí toda preocupação acaba

paz enfim

das ações do acaso na minha vida
as que mais odeio
são quando me tira por louca
pois incoerente

odeio

e a gente se desentende
e a gente se agride

se machuca pra valer
pra destruir alguma coisa
Fúria
e Colapso

numa briga interna

que a gente precisava
mas não é bonito de ver
pra que as coisas se realinhassem
ao menos um pouco

terça-feira, 29 de novembro de 2022

25/11/2022

teve grupo de manhã, mas não fui
um misto de atraso e impaciência sobre tudo

clima de encerramento/despedida

"vou ter que me virar como sempre"

muita droga pra frear os impulsos
pra soltar nossas conversas
desinibir medos e receios
desembaraçar-nos

sobre ódio
paixão que dói

sobre a bagunça interna
como nem consegui falar com Fran sobre a gente escrever juntes

*suspiro*
a desordenação do tempo
+ a desorganização interna

"essa coragem me empurrou
mas não me fez perder o medo
(...)
trocou o meu medo da morte
por esse medo do futuro"

tanta coisa que aprendi nos últimos 2 anos

mudança radical de pensamento
que finca raízes na escuridão e guia para fora
permite ver as interconexões
apreciar a complexidade
do mundo exterior, a vida ao nosso redor
e o oceano interno, suas marés, tempestades e calmarias

- apreende tuas correntezas
- guia tuas reações

"eu vou acontecer"

*sorriso*

tivemos que aceitar o diálogo interno

- significa que a gente fala em voz alta (a lot)

tivemos que nos ver loucas pra fazer sentido
e mesmo com medo
lá adiante perceber que talvez não faça muito sentido mesmo...

rearranjo/ressignificação

dialogar de peito aberto
deixar-se atravessar pelo que é dito
cuidar a intenção com que diz
distinguir o que não deve ser dito
não-saber

.

pq choras?
o que incomoda hoje?
o que convida e o que exige?

pq é difícil?

雨がふる
talvez...

nos acolhendo, aprendemos a acolher outrem

aprendemos a ser diferentes
do que imaginam que seremos e
como aprendemos que seríamos

nos transformamos

morremos por um momento
e renascemos na sequência
continuamente
rotineiramente
em ciclos de vida e morte
noite e dia

.

eu queria estar de melhor humor
pra repetir o que aprendi
sem me sentir egocêntrica de falar do que sinto
do que aprendi a sentir
e uma série de complexidades tão profundas que não há valor [objetivo] em falar sobre

ser acolhida neste espaço reforça meu sentimento de ser um alienígena
não mais que uma sombra, um fantasma
um macaco de smartphone
entre outros iguais insignificantes e
ao mesmo tempo
seres tão magníficos
excepcionais
interessantíssimos em suas peculiaridades
ricos de experiências e vivências
capazes de tanto carinho e honestidade

talvez eu não mereça estar aqui, e devesse mesmo morrer
mas eu quero ser assim
encontrar alguma paz
sendo um boneco de carne e ossos que por acaso se mexe conscientemente
acolhendo o mundo ao meu redor
as pessoas que me relaciono
a vida que coabita os mesmos espaços
em nossas diferenças e particularidades
pra construirmos juntes
melhores tempos presentes

que a vulnerabilidade não se torne vergonha, medo
mas seja oportunidade de vislumbrar uma saída
com classe e elegância